Como preparar o seu filho para o início do Ensino Fundamental?

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A transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental I envolve muitos aspectos e, na maioria das vezes, acaba sendo traumática para alunos e pais.

Novos colegas, outros professores, conteúdos mais complexos e espaços diferentes são alguns dos fatores que mais abalam as crianças durante a transição de uma etapa de ensino para outra.

A Educação Infantil é mais focada na recreação e os educadores têm a missão de transmitir o conhecimento através de brincadeiras. Por sua vez, o Ensino Fundamental começa a exigir mais responsabilidades do aluno com o intuito de prepará-lo para as etapas seguintes.

Além disso, a rotina do Fundamental faz com que a criança aprenda a conviver com a obrigatoriedade de concluir todas as atividades.

A Psicopedagoga e Coordenadora da Educação Infantil e dos anos iniciais do Fundamental na Rede de Ensino APOGEU, Mônica Braida, esclarece as principais dúvidas sobre a transição e explica como os pais devem agir para criar melhorias na adaptação do aluno à nova fase. Confira:

1) Como os pais devem trabalhar a transição para o Ensino Fundamental?

[Mônica Braida] – Confiar na escola que escolheram para o filho é o principal. Acompanhar e observar como está sendo o trabalho também é muito importante. Porém, não adianta apenas acompanhar, é preciso entender que a escola deve fazer a transição, proporcionando à criança que esta aconteça de forma equilibrada. Em todas as situações, em qualquer mudança, pais e escolas devem caminhar juntos, entendendo que têm um objetivo em comum: o desenvolvimento do aluno.

Nesta idade, o natural é a criança querer aprender e fazer tudo, pois as conexões do cérebro estão em desenvolvimento acelerado. A criança está passando pela transição de uma etapa de ensino mais lúdica para uma etapa mais formal e um dos fatores que podem ajudar muito é a lição de casa, que é o início das responsabilidades que ela terá, agora com mais intensidade.

Também é importante que se tenha coerência com a criança, pois ela não entende exceções. Mesmo o aluno que entrou cedo na escola, precisa de acompanhamento nesta fase escolar.

Portanto, uma boa dica é preparar um lugar adequado e criar uma rotina de tarefas de casa e hora de estudos.

2)  O que a transição significa para o aluno, principalmente no aspecto emocional?

[Mônica Braida] – Até novembro é permitido e valorizado que a criança corra, brinque, converse quando dá vontade. Poucos meses depois, entre dezembro e fevereiro, a situação é outra: a mesma criança precisa ficar sentada em sua carteira, em silêncio e trabalhar sozinha. Ir ao parque, só é permitido uma vez na semana. Normalmente, esse é o cenário da transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. Procurando manter a rotina a que estão acostumados, os pequenos desenvolvem algumas estratégias. Levantam-se constantemente para apontar o lápis, conversam baixinho, se mexem na cadeira, levam brinquedos escondidos e transformam materiais escolares em ferramentas da cultura infantil. Essas ações demonstram como as crianças buscam manter o controle de sua vida e tentam compartilhá-lo com os demais colegas.

Estas são evidências de como os alunos continuam sendo crianças após ingressar no 1º ano. Portanto, para a criança desta faixa etária, que vive essa transição, o misto de sentimentos é intenso. Prazer, descoberta, alegria, medo, novidade, intensidade, ritmo… enfim, uma gama de emoções que trazem como consequência um universo de desejos, que deixam essa criança ora assertiva, ora insegura, mas que nos mostra uma naturalidade em ser criança que desabrocha e amadurece e à medida que isso acontece, enfrenta os novos desafios como alguém que explora um mundo ainda a ser descoberto.

3) Como o colégio busca trabalhar a transição?

[Mônica Braida] – As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, aprovadas em 2010 pelo Ministério da Educação (MEC), também apontam a necessidade de as instituições de ensino assegurarem que essa transição ocorra de forma a dar continuidade aos processos de aprendizagem e de desenvolvimento, de buscar elos de ligação entre o que se propõe como trabalho de qualidade para as crianças. Portanto, essa não é uma preocupação só nossa, do Colégio Apogeu. Por isso, aqui se trabalha essa transição de forma tranquila, harmoniosa e de maneira que garanta à criança uma vivência equilibrada. Os conflitos vividos pelo 1º ano demonstram a necessidade de a escola reconhecer cada indivíduo em suas múltiplas dimensões. Para que isso aconteça, garantimos que tempo e espaço sejam adequados para os momentos de brincadeira e interação. Afinal, assim como na Educação Infantil, no Ensino Fundamental também é esperado que as propostas pedagógicas valorizem o movimento, que as aulas levem em conta os saberes prévios das crianças e os contextos social e cultural em que elas estão inseridas.

Para amenizar as dificuldades que surgem com a mudança de fase, a realização de ações que funcionam como uma socialização antecipatória e facilitam a passagem de uma etapa de ensino para a outra é uma das atividades que o Colégio Apogeu realiza. As crianças, desde a educação infantil conhecem os espaços e os professores dos anos iniciais do ensino fundamental, e os alunos que estão no início do ensino fundamental vão aos espaços que já passaram, sendo essa uma alternativa saudável para que a transição aconteça harmonicamente. Algumas ações também visam amenizar esse processo: Dia do brinquedo, parquinho todos os dias, ludicidade mesmo nos momentos de atividades pedagógicas e uma série de outras propostas. Também é muito importante pensar na formação continuada para capacitar os educadores e promover um trabalho mais coeso entre as etapas de ensino. Por isso, no Colégio Apogeu, toda a equipe das unidades de educação infantil e ensino fundamental I passa por uma formação continuada uma vez por mês, além de um encontro semanal por unidade.

Mais do que pensar na transição como uma questão pedagógica, obrigatória ou legal, é preciso ter a certeza que este processo tem de acontecer de maneira apropriada para garantir à criança uma infância plena, cheia de possibilidades, pois estamos falando de crianças ainda na infância!